Caros irmãos na primeira lição aprendemos sobre o significado da palavra Reino dos céus e Reino de Deus, e que as duas palavras são sinônimos. Que este Reino tanto esta em nós mediante o novo nascimento, como também o Reino de Deus esta por vir e será manifestado plenamente na Segunda Vinda de Cristo, e hoje iremos estudar a mensagem do reino.
“... o tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15)
Palavra chave: Arrependimento e Fé
Arrependimento:
As palavras primárias, no Antigo Testamento, para expressar a idéia de arrependimento são shuv (“virar para trás”, “voltar”) e nicham (“arrepender-se”, “consolar”). Shuv ocorre mais de cem vezes no sentido teológico, seja quanto ao desviar-se de Deus (1Sm 15.11; Jr 3.19), seja no sentido de voltar para Deus (Jr3.7; Os 6.1). A pessoa também pode desviar-se do bem (Ez 18.24,26) ou desviar-se do mal (Is 59.20; Ez 3.19), isto é arrepender-se.
O Novo Testamento emprega epistrephõ no sentido de “voltar-se” para Deus (At 15.19; 2Co 3.16) e metanoeõ/metanoia para a idéia de “arrependimento” (At 2.38; 17.30; 20.21; Rm 2.4). Utiliza-se de metanoeõ para expressar o significado de shuv, que indica uma ênfase à mente e a vontade. Mas também é certo que metanoia, no Novo Testamento, é mais uma mudança intelectual. Ressalta o fato de uma reviravolta da pessoa inteira, que passa a operar uma mudança fundamental de atitudes básicas.
O significado básico de arrepender-se (gr. metaneo) é “pensar diferente” ou reconsiderar”. Praticamente todos os léxicos gregos concordam que o verbo metanoeo (“metanoear”) é “reconsiderar” ou “modificar o pensamento”.
Joseph Thayer (1828-1901) declarou que este verbo significa “modificar o nosso “pensamento, isto é arrepender-se por ter feito alguma coisa”
William Arndt (1880-1957) e F. Wilbur Gingrich (1901-1993) afirmaram que o sentido é “mudar a mente de alguém [...] depois sentir remorso, arrepender-se, converter-se”
William E. Vine (1873-1949) registrou o seu significado como sendo “perceber posteriormente (meta, depois, implicando mudança, noeo, perceber). [Assim, metanoeo é] mudar a mente ou o objetivo de alguém. Sempre, no Novo Testamento, envolve uma mudança para melhor, uma correção e sempre, salvo em Lucas 17.3-4, de arrependimento com relação a pecados”
Elementos do Arrependimento:
Um elemento intelectual. Há uma mudança de conceito, um reconhecimento de que o pecado envolve culpa pessoal, contaminação e desamparo. Este elemento é designado na Escritura como epignosis hamartias (conhecimento do pecado), Rm 3.29, cf. 1.32. Se este não for acompanhado pelos elementos subseqüentes, poderá manifestar-se como temor do castigo, sem ódio ao pecado.
Um elemento emocional. Há uma mudança de sentimento que se manifesta em tristeza pelo pecado contra um Deus santo e justo, Sl 51.2,10,14. Este elemento do arrependimento é indicado pelo verbo metamelomai. Quando acompanhado pelo elemento subseqüente, é lupe kata theou (tristeza segundo Deus), mas se não for acompanhado por ele será lupe tou kosmou (tristeza do mundo), que se manifesta em remorso e desespero, 2Co 7.9,10; Mt 27.3; Lc 18.23.
Um elemento volitivo. Há também um elemento volitivo, que consiste numa mudança de propósito, num abandono interior do pecado e numa disposição para a busca do perdão e da purificação, Sl 51.5,7,10; Jr 25.5. Este elemento inclui os outros dois, e, portanto, é o aspecto mais importante do arrependimento. É indicado na Escritura pela palavra metanoia, At 2.38; Rm 2.4.
Definições:
Wayne Gruden – Arrependimento é uma sincera tristeza por causas do pecado, é renunciá-lo e comprometer-se sinceramente a abandoná-lo, e prosseguir obedecendo a Cristo.
Louis Berkhof – Arrependimento é a mudança produzida na vida consciente do pecador, pela qual ele abandona o pecado.
Augustus Hopkins Strong – Arrependimento é a mudança voluntaria da mente do pecador na qual ele rejeita o pecado.
Fé :
No Novo Testamento, o verbo pisteuõ (“creio, confio”) e o substantivo pistis (“fé”) ocorrem cerca de 480 vezes. Poucas vezes o substantivo reflete a idéia da fidelidade como no Antigo Testamento (por exemplo, Mt 23.23; Rm 3.3; Gl 5.22; Tt 2.10; Ap 13.10). Pelo contrário, normalmente funciona como um termo técnico, usado quase exclusivamente para se referir à confiança ilimitada (com obediência e total dependência) em Deus (Rm 4.24), em Cristo (At 16.31), no Evangelho (Mc 1.15) ou no nome de Cristo (Jo 1.12). Tudo isso deixa claro que, na Bíblia, a fé não é “um salto no escuro”.
Somos salvos pela graça mediante a fé (Ef 2.8). Crer no Filho de Deus leva à vida eterna (Jo 3.16). Sem fé, não poderemos agradar a Deus (Hb 11.6). A fé, portanto, é a atitude da nossa dependência confiante e obediente de Deus e na sua fidelidade. Essa fé caracteriza todo filho de Deus fiel.
Definições:
Wayne Gruden – Fé salvífica é confiança em Jesus Cristo como uma pessoa viva visando ao perdão dos pecados e à vida eterna com Deus.
Louis Berkhof – Fé salvadora como uma certa convicção, produzida no coração pelo Espírito Santo, quanto à veracidade do Evangelho, e uma segurança (confiança) nas promessas de Deus em Cristo.
Augustus Hopkins Strong – Fé á a mudança voluntária na mente do pecador pela qual ele se volta para Cristo.
Relação entre Fé (crença) e Arrependimento
Existe uma ligação íntima entre fé e arrependimento, como os dois lados da mesma moeda. Em vez de serem dois atos separados – o que viola o princípio protestante (e bíblico) da exclusividade da fé (sola fide) – tanto a fé quanto o arrependimento são necessários para a salvação, no entanto, cada um faz parte de um ato salvífico pelo qual a pessoa recebe o dom da vida eterna. A fé implica uma espécie de compromisso e confiança em Cristo que, naturalmente, operam uma mudança na vida da pessoa. De modo semelhante, o arrependimento verdadeiro (uma mudança real da nossa mente acerca do pecado e a respeito do nosso entendimento de quem Cristo é – ou seja, o nosso Salvador) também afeta o rumo da nossa vida.
Não se trata de primeiro uma pessoa afastar-se do pecado e depois confiar em Cristo nem primeiro confiar em Cristo e depois afastar-se do pecado, mas as duas coisas ocorrem ao mesmo tempo.
Bibliografia:
Teologia Sistemática, Stanley M. Horton, CPAD
Teologia Sistemática, Louis Berkhof, Mundo Cristão
Teologia Sistemática, Norma Geisler, CPAD
Teologia Sistemática, Wayne Gruden, Vida Nova
Teologia Sistemática, Augustus Hopkins Strong, Hagnos
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