sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Lição 7 - A Beleza do Serviço Cristão - 3º Trimestre de 2011





O QUE É O SERVIÇO CRISTÃO

"Servi ao Senhor com alegria" (Salmo 100.2a)


- No Antigo Testamento, os termos hebraicos para "servir" são shãrat e 'ãbad.

O termo Shãrat, segundo Vine (2003, p. 294) "denota muitas vezes o 'serviço' feito em relação à adoração de Israel a Deus". São exemplos de seus uso neste sentido os seguintes textos:

a) 1 Sm 2.11; 3.1 - Relacionado ao serviço prestado por Samuel
b) Dt 8.10 - A separação da tribo de Levi para servir ao Senhor
c) Êx 29.30 - A separação de Arão e seus filhos para ministrarem como sacerdotes

O termo 'abad, é usado no sentido servir a Deus, por exemplo, em:

a) Êx 3.12 -"Servireis a Deus neste monte".
b) Dt 6.13 - "O Senhor, teu Deus, temerás, e a ele servirás"
c) Nm 8.11 - "E Arão moverá os levitas por oferta de movimento perante o Senhor [...] para servirem no ministério do Senhor".

Nos casos citados, servir envolve adoração e trabalho.


- No Novo Testamento, são utilizados para "servir" os termos:

a) diakoneõ - ministrar, prestar qualquer tipo de serviço (Lc 10.40; 12.37; 17.8; 22.26; 22.27)

b) douleuõ - em relação ao serviço a Deus, esse termo é usado em (Mt 6.24)

c) latruõ - significa "adorar" e "servir" (Mt 4.10; At 7.7; 24.14; Rm 1.9; 2 Tm 1.3; Ap 22.3)

d) hipereteõ - literalmente, fazer o serviço de um remador (At 20.34), ou seja, trabalhar evitando qualquer pose de superioridade, transferindo toda honra e glória para o Senhor Jesus.

Percebe-se dessa forma que "servir", embora envolva o ato de adorar, não é uma postura meramente contemplativa. Servir é agir, trabalhar de forma amorosa e sacrificial, objetivando o crescimento do Reino de Deus, para a glória de Deus.

A Teologia Sistemática, dentro da eclesiologia (doutrina da igreja), trata o tema "serviço cristão" com os seguintes títulos:

- A Missão da Igreja (Thiessen)
- Os Propósitos da Igreja (Grudem)
- As Tarefas e Responsabilidades da Igreja (Ferreira e Myat)
- A Obra da Igreja (Pearlman)
- O Propósito de Deus com a Igreja (Bergstén)


O serviço cristão pode ser dividido em cinco áreas básicas. São elas:

1. Adoração

Adorar significa honrar, reverenciar, tributar, louvar, exaltar e servir a Deus. Podemos adorar a Deus através do culto público, do culto privado e em todas as nossas ações. O Apóstolo Paulo exorta a igreja que adore a Deus "com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão no coração" (Cl 3.16). fomos escolhidos em Cristo "para sermos para louvor da sua glória" (Ef 1.12)."A igreja existe para ser uma comunidade de adoração" (Ferreira e Myatt, 2007, p. 970).

Pode-se declarar que este é o principal propósito da igreja, fundamentado pelas escrituras (Rm 15.6; Ef 1.5, 6, 12, 14, 18; 3.21; II Ts 1.12; 1 Pe 4.11).

Thiessen (1987, p. 311) nos diz que "Este dever é tão fundamental que, se for cumprido com fidelidade, serão cumpridos também os outros propósitos da igreja. Grudem (1999, p. 727) declara que adoração é "o principal propósito da igreja com referência ao seu Senhor".

2. Evangelização

Ir por todo o mundo pregando o Evangelho a toda criatura e fazendo discípulos de todas as etnias é mandamento do Senhor e missão da igreja (Mt 28.19; Mc 16.15; Lc 24.46-48; At 1.8).

Para Thiessen (idem, p. 313) "A igreja está sob a obrigação de dar ao mundo todo uma oportunidade de ouvir o Evangelho e de aceitar a Cristo". Não temos a responsabilidade de converter, mas sim, de evangelizar as pessoas.

A pregação do Evangelho é a única esperança para o mundo sem Deus. Cada crente deve se sentir responsável por testemunhar de Jesus e anunciar as boas novas de salvação.

Segundo Pealrman (1987, p. 218) "Cristo tornou acessível a salvação por provê-la; a igreja deve torná-la real por proclamá-la".

3. Edificação

Em Efésios 4.11-14, o apóstolo Paulo afirma "e ele mesmo concedeu concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguem à unidade da fé e do pleno conhecimento do filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não sejamos mais meninos, agitados de um lado para o outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela stúcia com que induzem ao erro".

É função da igreja nutrir e edificar os seus membros, conduzindo-os desta forma à maturidade na fé.

Diante de tantos absurdos doutrinários e modismos, nunca a igreja evangélica no Brasil precisou tanto de obreiros comprometidos com o propósito de através da edificação, brindá-la contra os atuais mercenários, pop-stars, aproveitadores, manipuladores e hereges.

4. Educação

A Educação Cristã foi bem definida por George (1993, p. 16) como: "um processo deliberado e intencional pelo qual Cristo é formado nas pessoas, visando a transformação, formação e crescimento da pessoa toda e da igreja toda em todo o tempo".

Da pessoa toda porque envolve o desenvolvimento dos aspectos intelectual, emocional, espiritual e comportamental. Da igreja toda pois inclui as crianças, os adolescentes, os jovens os adultos e os anciãos.

Jesus concedeu mestres para a sua igreja (Ef 4.11) e ordenou que os discípulos fossem ensinados a "guardar todas as coisas" que ele lhes havia ordenado (Mt 28.19).

A educação é um dos mais importantes ministérios da igreja e pode ser ministrada de maneira formal (cultos de ensino, escola dominical etc.) ou informal (na vida em família , nas conversas informais etc).

5. Visitação e Socorro

Visitar e socorrer os necessitados é uma clara demonstração do nosso amor ao próximo e a Deus (Tg 1.27; 1 Jo 4.20). O Novo Testamento está repleto de exemplos da mobilização da igreja na visita e socorro aos necessitados (Atos 2.44-45; 11.29-30).

Paulo escrevendo a Timóteo, orienta que o socorro seja dirigido a quem realmente necessita, cabendo a família do necessitado a responsabilidade primeira de assim fazê-lo (1 Tm 5.8, 16).

Como bem colocou Ferreira e Myatt (idem, p. 980) "Não é responsabilidade primária de uma igreja local, enquanto instituição, realizar o trabalho de ação social. Por outro lado, entretanto, os membros da igreja, como indivíduos, devem ser exortados e equipados para se envolver na ação social (2 Co 8.1-4; 1 Jo 3.17), minorando as desigualdades e sofrimentos também fora da igreja". Devemos lembrar, contudo, que os domésticos da fé terão sempre a prioridade (Gl 6.10).

É muito comum vermos crentes que reclamam que a igreja não socorre os seus necessitados. Parece que os tais esquecem que eles são também "Igreja", sendo em boa parte dos casos os primeiros a "fecharem as mãos e os olhos" diante das necessidades dos seus irmãos e entes queridos. A necessidade de visitar e socorrer os necessitados não é apenas dos oficiais da igreja, mas sim, de toda a comunidade cristã.


CONCLUSÃO

Estás servindo a Deus como deverias? Serves ao Senhor por motivos dignos e honrosos? Tens a certeza que estás agradando ao Pai celestial? Fazes o serviço por obrigação ou com alegria? Trabalhas para aparecer ou para engrandecer a Deus?

Certamente, todas estas questões terão a clara resposta, evidenciada diante do Tribunal de Cristo,

"Porque importa que todos nós compareçamos perante o Tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo". (2 Co 5.10)

"E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras. (Ap 22.12)

Amém!


BIBLIOGRAFIA

BERGSTÉN, Eurico. Introdução á Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.

FERREIRA, Franklin; MYATT, Alan. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida nova, 2007.

GEORGE, Sherron K. Igreja ensinadora: fundamentos bíblicos-teológicos e pedagógicos da educação cristã. Campinas-SP: Luz para o Caminho, 1993.

GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática: atual e exaustiva. são Paulo: Vida Nova, 1999.

PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 1987.

THIESSEN, Henry Clarence. Palestras introdutórias à Teologia Sistemática. São Paulo: IBR, 1987.

VINE, W. E.; UNGER Merril F.; WHITE JR, William. Dicionário Vine. 2. ed.: Rio de Janeiro: CPAD, 2003.


Fonte: http://www.altairgermano.net/
















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