Por: Eduardo Pereira
Titulo
Os livro de Esdras e Neemias eram considerados um só livro nos tempos antigos, conforme registro do talmude, de Josejo e Jerônimo.
A Septuaginta também os considerava um livro único.
A Vulgata Latina dividiu-os em dois livro, denominados Esdras “Esdras A”, e Neemias “Esdras B”.
A Bíblia evangélica e hebraica moderna dividem-nos em dois, denominando-os Esdras e Neemias em homenagem a suas figuras humanas principais.
Autor
Esdras, o sacerdote, é geralmente considerado o autor ou compilador dos quatro livros históricos desse período: 1 e 2 Crônicas, Esdras e Neemias. Quanto a Neemias é provável que Esdras usasse as memórias de Neemias, porquanto fala na primeira pessoa de vez em quando.
Contexto histórico
Divisão do Reino e Exilios
Com a morte de Salomão, em 931 a.C., o reino de Israel foi dividido. O Reino do Norte teve dezenove reis e oito dinastias. Em um período de 209 anos, nenhum desses reis buscou a Deus, sendo todos rebeldes. Então Deus enviou o chicote e os entregou nas mãos da Assíria, em 722 a.C. Eles foram levados cativos e nunca foram restaurados.
O reino do Sul teve vinte reis na mesma dinastia davídica. Judá não aprendeu a lição do Reino do Norte e também começou a se desviar de Deus. Então, Deus os entregou nas mãos de seus inimigos e eles foram levados cativos no ano 586 a.C. para a Babilônia e lá permaneceram setenta anos.
Queda do Império Babilônico
Foi "durante o 3.º ano de Belsazar" como co-regente, que o profeta Daniel foi chamado ao palácio real para decifrar a Escrita Misteriosa.
Segundo o relato bíblico de Daniel 5:5-9, durante o banquete de Belshazzar uma escrita enigmática em aramaico é visualizada nas paredes do palácio: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM. Somente o profeta Daniel foi capaz em decifrar a escrita que encerrava a sentença do Deus de Israel contra Belshazzar e o Império Neo-babilónico. (5:25-28)
- MENE significa "contou", "mediu". Em aramaico, Mené menah Elahá significa "Deus contou", ou seja, Deus pôs um fim no seu reinado.
- TEQUEL, em aramaico significa "pesado", ou seja, o rei foi julgado.
- PARSIM (u-farsín) é plural de perés, que significa "dividido". Em aramaico, perés parisáth significa que "teu reino foi dividido", ou seja, seu reino havia chegado ao fim.
(Daniel 8:1) Com base nisto, a duração do seu governo terá sido de cerca de 3 anos. Na madrugda de 5 de Outubro de 539 a.C., a cidade de Babilónia foi ocupada sem batalha pelos exércitos de Ciro II e Belsazar executado na mesma noite. Dario, o Medo, chefe militar de Ciro é nomeado co-regente e reina em Babilónia. (Daniel 9:1) Veja também Crónica de Nabonido e Cilindro de Ciro.
Contexto Escatológico
Império Persa
Um novo império se levantou e dominou o mundo: o Império Medo-Persa. A política desse reino era diferente. A Babilônia arrancava os súditos da sua terra e os levava cativos, enquanto, o Império Medo-Persa adotava a política de manter os súditos em seu próprio território.
Dessa forma, o rei Ciro determinou a volta dos cativos quando tomou conhecimento que Jeremias havia profetizado a seu respeito nos seguintes termos:
“Porque assim diz o SENHOR: Certamente que passados setenta anos em babilônia, vos visitarei, e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando a trazer-vos a este lugar.
Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais.
Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei.
E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração.
E serei achado de vós, diz o SENHOR, e farei voltar os vossos cativos e congregar-vos-ei de todas as nações, e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o SENHOR, e tornarei a trazer-vos ao lugar de onde vos transportei.” Jeremias 29:10-14
O povo voltou em três levas:
1. Sob a liderança de Zorobabel para reconstruir o templo;
2. Sob a liderança de Esdras para ensinar a Lei;
3. Sob a liderança de Neemias para reconstruir os muros.
Tanto Esdras como Neemias voltaram sob o governo de Artaxerxes I (465-424 a.C.). Os judeus que voltaram para Jerusalém foram profundamente influenciados pela fé dos seus pais mesmo no cativeiro. A criação das sinagogas no exílio para o estudo da lei e dos profetas exerceu uma grande influência na inspiração da fé religiosa daqueles que retornaram à Jerusalém. O cativeiro babilônico foi decisivo para os judeus deixarem a idolatria.
Muitos ficaram na Babilônia e não quiseram voltar. A geração que fora para o cativeiro já estava idosa e a que nascera na Babilônia havia se aculturado.
Bibliografia:
Neemias, O lider que restaurou uma nação, Hernandes Dias Lopes, ed. Hagnos
Conheça menhor o Antigo Testamento, Stanley Ellisen, ed. Vida