sábado, 3 de setembro de 2011

Lição 10 - A Atuação Social da Igreja - 3º Trimestre de 2011



Queridos irmãos estive sem tempo para postar o comentário, por isso estamos postando o comentario do irmão Francisco A. Barbosa, que foi postado no ebd da web.

(I. Introdução)
Nesta aula temos a missão de orientar nossos alunos quanto à qualidade da fé que professamos. A missão integral da Igreja inclui não o dever, mas a consciência e a preocupação de agir em benefício dos necessitados. Como escreveu Tiago em sua epístola: a fé cria as obras, e as obras aperfeiçoam a fé - “Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada”(Tg 2.22). O reformador João Calvino entendia a riqueza e a pobreza como expressões do favor ou do julgamento de Deus sobre toda a comunidade, que então deveria redistribuir os seus recursos com vistas ao bem-comum. Calvino pergunta: “Por que é então que Deus permite a existência da pobreza aqui embaixo, a não ser porque ele deseja dar-nos ocasião para praticarmos o bem?” Como ensinou Jesus, “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13.35). Jesus certamente conhece os motivos que nos movem a fazer o que fazemos e a ser o que somos. Precisamos ter e desenvolver o temor do Senhor. Só o temor do Senhor nos trará uma consciência limpa e pura diante dele. Assim, desejo incentivá-lo à consciência e à transparência das reais motivações de sua fé. Boa Aula!


(II. Desenvolvimento)

I. POBREZA: UMA REALIDADE SEMPRE PRESENTE
1. Os pobres. Na America latina, a partir dos anos 1970, se desenvolveram duas grandes correntes teológicas que abalaram as tradições teológicas: a Teologia da Libertação (Católica) e a Teologia Evangélica da Missão Integral. Essas duas correntes enfatizam a necessidade da reflexão teológica a partir do compromisso social do povo de Deus. A condição social da America Latina levou os pensadores cristãos a desenvolver estas teologias baseadas na opção preferencial pelos pobres contra a pobreza e pela sua libertação e propõem o engajamento social dos cristãos na construção de uma sociedade mais justa e solidaria. A desigualdade social e a pobreza são problemas sociais que afetam a maioria dos países na atualidade. A pobreza existe em todos os países, pobres ou ricos, mas a desigualdade social é um fenômeno que ocorre principalmente em países não desenvolvidos. Resolver o problema é o desafio dos governos desses lugares. No entanto, não é tão simples quanto parece. O filósofo Karl Marx (1818-1883), interpreta a miséria como um instrumento utilizado pelas classes dominantes. Para ele, a desigualdade é resultado da divisão de classes – entre aqueles que detêm os meios de produção e os trabalhadores, que só têm a força de trabalho para garantir a sobrevivência. O contexto da comunidade cristã em Jerusalém, descrito em Atos 6, é de pobreza e necessidades sociais. O resultado do Pentecostes fez com que a igreja de Jerusalém triplicasse em quantidade, mas em contrapartida, crescia na mesma proporção o número de necessitados. Como consequência do crescimento, surgiram carências oriundas de um contexto social de extrema pobreza e miséria. A Igreja Primitiva passara a ser grande, mas seus líderes não podiam fechar os olhos para os pobres e necessitados. Uma igreja que cresce numericamente pode ver seu rebanho adoecer a uma velocidade desproporcional por pura falta de cuidado com as pessoas. A Igreja de Cristo precisa crescer integralmente e priorizar pessoas![1]

2. O problema da fome. Herdamos um mundo caído, e a pobreza, bem como a doença e a morte, como resultado do primeiro pecado. Antes da queda a terra dava seu fruto livremente, e Adão e Eva entendiam suas responsabilidades sob Deus e percebiam os benefícios da árvore da vida (Gn 2.15, 16). O estado sem pecado de Adão e Eva não significa que eles estavam livres da obrigação de cultivar e guardar o jardim. Antes, a obrigação de lutar pelo seu sustento estava entremeada no mandato e criação. Contudo, desde a queda, a terra passou a negar seu fruto e o homem se tornou irresponsável na execução de sua tarefa de domínio: “maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3.17b-19). Alguns vão ainda mais longe, e assassinam outros para possuir o que não lhes pertence (Gn 4.19. 23, 24)[2]. O livro de Juízes refere-se ao fato de que Israel empobreceu muito (Jz 6.1-6). Os midianitas destruíam as sementeiras, matavam o gado e não deixavam mantimento em Israel. Isso nos mostra que a pobreza era resultado de não haver proteção de Deus. Portanto, a Bíblia nunca lida com a pobreza fora do contexto da queda do homem no pecado. (Todo assunto deve ser considerado em relação à queda da humanidade no pecado. A questão da pobreza não é única nesse respeito.) Isso não quer dizer que, o crente que é pobre esteja em pecado, mas como está inserido num contexto social, sofre as conseqüências do desajuste social, ainda que com um diferencial: há um lugar de descanso, onde ele pode se achegar e descansar, na completa dependência de Deus o homem encontra tudo o que precisa para viver. Sim, o crente considera as circunstâncias da vida sob a ótica de Deus, aprende também a descansar n’Ele. Davi aprendeu isso depois de passar por grandes experiências. Ele disse no Sl 119.165 que “muita paz têm os que amam a tua lei, e para eles não há tropeço”. Quando o crente está em verdadeira sintonia com Deus, passa a enxergar pelos olhos da fé, passa a ver o invisível e usufruir das verdadeiras bênçãos que Ele reservou para os Seus queridos.

3. Precisamos ouvir a voz de Deus. A solução para a pobreza deve ser respondida à luz do que a Bíblia diz sobre a condição caída do homem, e os fatores que criam as condições para a pobreza. Deus determina que o crente cuide dos pobres, para negar isso, deve-se negar toda a Bíblia: “Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia, cada um a seu irmão” (Zc 7.9) e “O que oprime ao pobre insulta aquele que o criou, mas a este honra o que se compadece do necessitado” (Pv 14.31). Deus instrui o crente a oferecer socorro aos oprimidos, famintos, presos, cegos, estrangeiros, viúvas e órfãos. Nossa prioridade máxima, no cuidado aos pobres e necessitados, são os irmãos em Cristo (Gl 6.10). Jesus equiparou o cuidado com os irmãos na fé como se fossem a Ele próprio (Mt 25.40,45). A igreja primitiva estabeleceu uma comunidade que se importava com o próximo, que repartia suas posses a fim de suprir as necessidades uns dos outros (At 2.44,45; 4.34-37). A diaconia foi instituída para cuidar dos necessitados (At 6.1-6). Deus quer que os que têm em abundância compartilhem com os que nada têm para que haja igualdade entre o seu povo (2 Co 8.14,15; cf. Ef 4.28; Tt 3.14). Tiago desenvolve sua teologia prática afirmando que a verdadeira religião é atender aos necessitados (Tg 1.27) e também que Deus escolheu os que são pobres, para a salvação (2.5).

Sinopse do Tópico (1)
A pobreza é uma realidade social que decorre da Queda.

II. QUESTÕES SOCIAIS NO ANTIGO TESTAMENTO
1. Os ricos e os pobres em Israel. Quando lemos, o livro do profeta Amós, a descrição das casas de Samaria, de paredes de ébano e marfim para se ter uma idéia da prosperidade do país. Mas também da injustiça social que dela decorria: as escavações efetuadas em Tersa, a primeira capital, mostram um conjunto de casas bem construídas, separadas, por um muro, de uma ilhota de casebres, verdadeira favela, na realidade a situação daquela época era boa para alguns e ruim para outras, o dinheiro estava concentrado nas mãos dos poderosos das autoridades da época, foi por isso que Amós foi levantado por Deus para combater as injustiças que haviam na época. Muitos textos da tradição profética apresenta a temática das relações econômicas onde a perspectiva é a partir das pessoas e grupos sociais mais empobrecidos dentro daquela sociedade:

“Fostes vós que devorastes a vinha, o que roubastes do pobre está em vossas casas. Com que direito esmagais o meu povo e calcais aos pés o rosto dos pobres?” (Is 3.14-15);

“Teus chefes são rebeldes, parceiros de ladrões. Todos gostam de suborno e correm atrás de presentes. Não fazem justiça ao órfão e a causa da viúva não chega até eles” (Is 1.23);

“Ai dos que decretam leis injustas e editam escritos de opressão: para afastar os humildes do julgamento e privar do direito os pobres do meu povo, para fazer das viúvas suas presas e roubar os órfãos” (Is 10.1);

“Ouvi esta palavra, vacas de Basã, que estais sobre o monte de Samaria, que oprimis os fracos, explorais os pobres e dizeis aos vossos maridos: Trazei-nos o que beber” (Am 4.1);

“Eles odeiam quem repreende no tribunal e detestam quem fala com sinceridade. Por isso: porque oprimis o indigente e lhe cobrais um imposto de trigo, construístes casas de pedra lavrada, mas não as habitareis; plantastes esplêndidas vinhas, mas não bebereis o seu vinho. Pois conheço vossos inúmeros delitos e vossos enormes pecados” (Am 5.10-12);

“Ai do que constrói sua casa sem justiça e seus aposentos sem direito; que faz trabalhar seu próximo de graça e não lhe paga o salário” (Jr 22.13);

“Eles não sabem fazer o que é reto” (Am 3.10).

Durante o período de dominação romana na Palestina do primeiro século, o povo judeu encontrava-se em situação de “povo dominado” ou “escravizado”. A sociedade era dividida em quatro grandes grupos socioeconômicos: os ricos, grandes proprietários, comerciantes ou elementos provenientes do alto clero; os grupos médios, sacerdotes, pequenos e médios proprietários rurais ou comerciantes; os pobres, trabalhadores em geral, seja no campo ou nas cidades; e os miseráveis, mendigos, escravos ou excluídos sociais, como ladrões. Contudo, as diferenças sociais na palestina não se pautavam somente na riqueza ou pobreza do indivíduo, mas em diversos outros critérios, como sexo, função religiosa, conhecimento, pureza étnica, etc. Dois exemplos: uma mulher, ainda que proveniente de uma família rica, estava numa situação social inferior a de um levita; um samaritano, apesar da miscigenação com os israelitas, era considerado impuro e, socialmente, inferior a uma mulher judia.

2. A escravidão em Israel. Críticos atribuem culpa à religião judaica e à fé cristã, pelo incentivo à escravidão desde tempos remotos, mas se examinarmos o Antigo Testamento veremos que era proibida a escravidão no meio do povo hebreu (Lv 25.42). Os únicos casos de servidão – radicalmente distinto de qualquer modelo das culturas pagãs – eram de punições de criminosos que deveriam restituir o roubo com serviço, (Ex 22.3); e de pobreza, quando as pessoas buscavam sustento trabalhando para outras, (Lv 25.39;Ex 21.7). É relevante que os hebreus escravos, por motivo de crime ou pobreza, só podiam servir aos seus senhores por seis anos, sendo compulsoriamente libertados. Mesmo no caso dos pobres, a opção de se tornarem servos era deles, a fim de que não morressem de fome. Na verdade, o princípio da escravidão entre hebreus, nada mais era do que ser tratado exatamente como um trabalhador livre, um empregado pago, (Lv 25.39,40; Cf. Mt 24.45s; Lc 19.11s). A Lei permitia aos hebreus comprar escravos vindos do mundo pagão (Lv 25.44), porém nenhum escravo era permitido no meio do povo se não houvesse profissão de fé e circuncisão para com o Deus de Israel. Isto era previsto para que a santidade do povo e a fidelidade a Deus fossem preservadas contra qualquer mistura de religiões do mundo pagão. Mas o escravo não era compulsoriamente circuncidado, pois a circuncisão só poderia ser administrada se a pessoa concordasse com os preceitos da fé de Israel, (Rm 2.25-29); caso contrário, ele era devolvido ao seu povo de origem. O tempo exigido para a liberdade de um escravo de outra origem era de cinqüenta anos. Jó usou o argumento da criação para referendar os direitos dos seus servos, (Jó 31.13-15):

·         Os escravos tinham direito a um dia de descanso como qualquer trabalhador comum, (Êx 20.10; 23.12);

·         Havia salário para o escravo, (Lv 25.40);

·         Havia indenização por vexames provocados contra o escravo, (Ex 21.8,10);

·         Os escravos tinham direito de se casarem com filhos ou filhas de seus senhores, tornando-se assim membros da família, (Ex 21.9);

·         Se fugissem de seus senhores não poderiam ser devolvidos para os mesmos, (Dt 23.15-16). Isso era providencial porque os escravos fugiam de senhores que lhes maltratavam, e isso fazia com que seus donos perdessem o direito de seus serviços; a lei proibia todo e qualquer maltrato a um escravo.

·         Se um escravo concordasse em ser um professo fiel ao Deus de Israel, ele tornava-se um membro da família, com privilégios que a outro membro poderia ser negado, (Lv 22.10-13)

·         O ano sabático e o ano do jubileu eram datas de cada senhor dispensar os trabalhos de seus escravos, a menos que tais escravos se recusassem a deixar o serviço, sendo amados pelos seus senhores, se tornariam servos para sempre, (Ex 21.2,5);

·         Havia leis que protegiam os escravos a cada possível circunstância degradante por parte dos senhores malvados, estes, para os quais era previsto punição;

Por estes motivos, o mercado escravagista judaico não interessava aos mercadores de escravos, havendo entre eles até mesmo um ditado que dizia “Quem comprar um escravo judeu arranja um senhor para si mesmo” [3].

3. O socorro aos pobres. No Antigo Testamento vemos que existe uma clara opção preferencial de Deus pelos pobres e oprimidos. Isto não significa que Deus faça acepção de pessoas ou de classe social. Mas com certeza Ele olha de maneira especial para aqueles que não têm vez, que não têm voz. A lei de Moisés continha dispositivos que iam além do mero atendimento de necessidades imediatas, criando condições para que houvesse menor desigualdade na sociedade de Israel. São exemplos disso a lei da rebusca (Lv 19.9-10; 23.22; Dt 24.19-21) e o ano do jubileu (Lv 25.8-34). Quando se chega à literatura profética, em especial aos “profetas éticos” do século oitavo a.C. (Isaías, Oséias, Amós e Miquéias), a justiça, a misericórdia e a generosidade no trato com os sofredores se tornam um tema dominante (Is 1.17,23; 3.14-15,18-23; 5.7-8; 58.5-10; Os 10.12; 12.5-7; Am 2.6-7; 4.1; 5.12,24; 8.4-6; Mq 2.1-2; 6.8). A justiça social ordenada por Deus determinava que os ricos não desprezassem os pobres (Dt 15. 7-11), e que o estrangeiro, a viúva e o órfão fossem atendidos em suas necessidades (Ex 22. 22; Dt 10. 18; 14. 29). Ezequiel 16.49 afirma que o pecado de Sodoma, além do orgulho, da vaidade e da imoralidade era que aquela cidade, sendo rica e abastada, nunca atendeu o pobre e o necessitado. O Velho Testamento encerra o objetivo de Deus ao entregar a Lei à Israel: que não houvesse miseráveis e injustiçados no meio do Seu povo.

Sinopse do Tópico (2)
Segundo a Lei de Moisés, os mais ricos deveriam assistir os mais pobres.


III. O NOVO TESTAMENTO E A AÇÃO SOCIAL DA IGREJA
1. Nos Evangelhos. O ministério terreno de Jesus objetivou trazer aos homens liberdade do pecado, de satanás, da lei e da morte. Ao definir seu ministério em Lucas 4.17-21, no qual interpreta sua missão em termos proféticos, asseverou: (a) um ministério de restauração material, pois se afirma enviado a restaurar os contritos de coração…; (b) um ministério de libertação social, desde que anuncia “liberdade aos cativos e abertura de prisão aos presos”; (c) um ministério de redenção espiritual, porquanto veio “apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança de Deus”…; (d) um ministério de consolação moral, uma vez que se propõe a “consolar todos os tristes”[4]. Jesus desenvolveu um ministério libertador deixando transparecer o caráter altruísta de sua Obra. Em Lucas 14.12-14, Jesus ensina o princípio e motivos altruístas ao se realizarem atos de generosidade acrescentando que a recompensa não será devolvida no tempo presente, mas na ressurreição dos justos. Aqui estão incluídos os pobres, enfermos, deficientes físicos, crianças, idosos, desamparados, desabrigados, encarcerados, bem como os incapazes de retribuir quaisquer favores recebidos (Lc 14. 13,14).

2. Na Igreja Primitiva. Quando Cristo veio ao mundo, a Palestina passava por graves problemas sócio-econômicos, de sorte que muitos o buscavam apenas para saciar a fome (Jo 6.26). É justamente nesse contexto que devemos estudar a ação social da igreja primitiva. Ler At 2. 43-46; 6. 1; Rm 15. 25-27; I Co 16. 1-4; II Co 8; 9; GI 2. 9; Fp 4. 18,19, etc. Conforme o relato de Atos, a comunidade cristã em Jerusalém vivia em comunhão exemplar. “Ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns”. Uma prática comum daquela igreja era a partilha de bens para atender aos necessitados (At 2.44,45; 4.34,35). Essa partilha era totalmente voluntária, e não compulsória. O que acontecia certamente era que os cristãos que possuíam uma melhor situação econômica vendiam suas casas e terras para atender aos irmãos mais necessitados. Uma observação a ser feita aqui é que a prática dos cristãos do segundo século, ainda que seja louvável, não é normativa para nós hoje. “E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister.” (Atos 2:44-45) Esta passagem nos perturba. Preferimos saltá-la para evitar o desafio que ela encerra. Devemos imitar literalmente estes crentes? Quis Jesus que todos seus seguidores vendessem suas possessões e repartissem o que obtivessem delas? Sem dúvida, o Senhor chamou a alguns de seus discípulos a uma pobreza voluntária total. Esse é o chamamento que fez ao jovem rico, por exemplo. A ele, Jesus disse expressamente que vendesse tudo e o desse aos pobres. Este foi também o chamado do frade Francisco de Assis, na idade média, e mais recentemente, o chamado de Madre Tereza, em Calcutá, ambos católicos romanos. Eles nos recordam que a vida não consiste na abundância dos bens que possuímos. Mas não todos os discípulos de Cristo são chamados a isso. A proibição da propriedade privada é uma doutrina marxista, não cristã. Mesmo na igreja em Jerusalém, a decisão de vender as propriedades e dar tudo foi uma questão voluntária. Quando passamos para o versículo 46, lemos que os crentes se reuniam “em suas casas”. Quer dizer, continuavam tendo casa e propriedades pessoais. Pelo visto, não haviam vendido todas as casas, seus móveis e suas propriedades! Contudo alguns tinham casas, e os crentes se reuniam nelas. Não obstante, não devemos evadir do desafio destes versículos. Alguns suspiram com alívio porque não sugeri que devemos vender tudo e repartir-lo. Mas, mesmo que não seja nosso chamado particular, todos fomos chamados a nos amarmos mutuamente como faziam aqueles cristãos [5].

3. Na Igreja Atual. O ponto decisivo para o mundo evangélico, foi sem dúvida alguma, o Congresso Internacional sobre a Evangelização Mundial realizado em julho de 1974, em Lausanne, na Suíça, cerca de 2.700 participantes vindos de mais de 150 nações, reuniram-se sob o lema “Que o Mundo Ouça Sua Voz”, endossando no encerramento do Congresso o Pacto de Lausanne. Após três sessões introdutórias sobre o propósito de Deus, a autoridade da Bíblia e a singularidade de Cristo, seguiu-se a quarta palestra, intitulada “A natureza da Evangelização” e, em seguida “A responsabilidade Social Cristã”. Esta última declara que “a evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parte de nosso dever cristão”[6]. A partir da conferência de Lausanne, na Suiça, em 1974, o mundo evangélico é levado a refletir sobre sua tarefa missionária e sobre a cooperação no cumprimento da missão. Com o lema “toda a Igreja levando todo o Evangelho a todo o Homem em todo o Mundo”, a conferência alcançou bem mais do que os participantes, criando um movimento mundial com benefícios incalculáveis para as missões. Conferências regionais foram realizadas e, em 1989, Lausanne II em Manilla, Filipinas. O movimento Lausanne quer:

a. dar uma orientação teológica, baseada na Bíblia, acerca da motivação missionária e seu conteúdo;
b. estimular os cristãos a uma responsabilidade maior pela evangelização que já vem ocorrendo nas diferentes denominações e movimentos;
c. inspirar os cristãos, individualmente, a um serviço intensivo de intercessão e de ofertar bem mais para missões;
d. conscientizar os cristãos de que evangelização e ação social devem acompanhar um ao outro; e

e. possibilitar contatos ecumênicos entre a cristandade evangélica para melhor planejamento e cooperação.

Sinopse do Tópico (3)
Os servos de Deus têm o compromisso de socorrer os pobres e necessitados.

(III. Conclusão)
O ministério de Jesus caracterizava-se pela compaixão amorosa a todos os sofredores e indigentes desse mundo (Mt 25.31-46; Lc 10.25-37). Idêntica solicitude é demonstrada tanto nos escritos proféticos do Antigo Testamento (Is 1.15-17; Mq 6.8) quanto nas epístolas neotestamentárias (Tg 1.27; 1Jo 3.17,18). Expressar o amor de Cristo de modo tangível pode ser um meio vital de a Igreja cumprir a missão que lhe foi confiada por Deus. Assim como em todos os aspectos da missão (ou propósito) da Igreja, é essencial que nossos motivos e métodos visem fazer tudo para a glória de Deus.

“Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.” (1Jo 3.18)

N’Ele, que me garante que: “… o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20.28),

Francisco A Barbosa
auxilioaomestre@bol.com.br


Notas Bibliográficas

[1]. 1º Trimestre de 2011; Título: Atos dos Apóstolos — Até aos confins da Terra; Comentarista: Claudionor Corrêa de Andrade. Lição 7: Assistência Social, um importante negócio; 13 de Fevereiro de 2011; Interação;
[2]. As Causas da Pobreza, Gary DeMar, Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto, disponivel em: http://www.monergismo.com/textos/politica/as-causas-pobreza_demar.pdf;
[3]. Teologia Hoje, A ESCRAVIDÃO, A LEI DE DEUS, E O VERDADEIRO CRISTIANISMO, por Rev. Moisés C. Bezerril, disponível em http://teologiaselecionada.blogspot.com/2008/03/escravido-lei-de-deus-e-o-verdadeiro.html;
[4]. Lessa, Hélcio da Silva. Ação Social cristã. pg. 25;
[5]. Adaptado de STOTT, John. SINAIS DE UMA IGREJA VIVA;
[6]. Stott, John R. W.Comenta o pacto de Lausanne. pg. 27.;

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